Você tem ideia dos riscos que podem ser causados quando você tenta controlar e suprimir a volatilidade de um sistema complexo como a sua equipe?
Nassim Nicholas Taleb nos responde esta questão em seu livro Anifrágil da seguinte forma:
“[…] o problema com a volatilidade suprimida de forma artificial não é apenas que o sistema tende a se tornar extremamente frágil; é que, ao mesmo tempo, ele não exibe nenhum risco visível. Lembre-se também de que volatilidade é informação. Na verdade, esses sistemas tendem a ser calmos demais e a exibir variabilidade mínima à medida que riscos silenciosos se acumulam sob a superfície.”
Quando se trata de relações profissionais, estamos falando de uma rede de interdependências com uma variabilidade intrínseca. E não é porque um gestor ignora isso que ela deixará de existir.
Se ele não der espaço para seus colaboradores se comunicarem de forma transparente entre si, dizerem o que pensam, expressarem o que sentem, ele estará suprimindo o imprevisível e aleatório, que podem não ficar visíveis, mas continuarão ali perigosamente encobertos.
Aparentemente, a equipe deste gestor estará sempre alinhada, compartilharão dos mesmos interesses e valores. E esta equipe pode até funcionar sob controle durante um breve espaço de tempo. Mas, sob a superfície, poderá haver uma série de contradições, dúvidas, paradoxos e insatisfações prestes a vir à tona na primeira oportunidade.
O resultado do excesso de controle sobre as pessoas irá revelar, a médio e longo prazo, baixo engajamento e desempenho insatisfatório do grupo, podendo gerar resultados drásticos para a vida pessoal dos envolvidos e para a empresa.
Compreender que sistemas humanos são complexos e que nem na mais alta hierarquia seremos capazes de controlar sua aleatoriedade e imprevisibilidade é uma aptidão que todos deveríamos treinar, especialmente os líderes.
Ao entender que não há linearidade no funcionamento de qualquer relação humana, podemos reconhecer que cada pessoa é um universo em constante mudança e tornar esta volatilidade aliada do aumento do engajamento e da colaboração.
O desafio será dar espaço à participação ativa de todos da equipe sem que um seja fator repressivo dos outros e, ao mesmo tempo, renovar constantemente a visão de onde querem chegar juntos, o alinhamento de princípios e as ações efetivas para o alcance dos objetivos.
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Aline Daher está, há 10 anos na área de desenvolvimento humano. É professora do DeROSE Method e Facilitadora do Programa Mindfulness Design. Graduada em jornalismo, dedica-se à produção e edição de conteúdo há mais de 17 anos.
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